Escrita de Canções – Parte 5
de Tom Hess
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Orquestração: (excerto de uma aula sobre orquestração)
Orquestração é a maneira como o timbre é usado em contextos musicais (canções / composições). Se tens uma melodia, uma linha de baixo e alguns acordes, podes tocar tudo num piano, ou numa guitarra solo (às vezes). Mas também podes organizar (orquestrar) esses elementos (a melodia, a linha de baixo e os acordes) para 2 ou mais instrumentos. Decidir que instrumentos vão tocar quais notas é o processo de orquestrar.
No passado, os compositores clássicos, quase sempre compunham e também orquestravam as suas próprias músicas. Hoje, é comum os compositores e letristas terem outras pessoas que o façam. Se já compuseste músicas para mais do que um instrumento, já orquestraste. A orquestração é uma arte, uma ciência e uma indústria por si só. Para o compositor típico, a orquestração é muitas vezes esquecida, incompreendida, ou um mistério. Vamos começar por discutir a orquestração num nível intermediário (vais precisar de ter um entendimento básico de como os instrumentos trabalham em conjunto antes de seres capaz de tirar o máximo de proveito desta lição).
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Ao utilizar múltiplos instrumentos, considera em quantas maneiras diferentes podes organizar a colocação de cada instrumento no espectro de alcance de frequências.
[Espectro de frequências? O que é isso? É o conjunto de todas as notas possíveis partindo das notas mais graves até às mais agudas e todas as outras pelo meio.]
É óbvio que os instrumentos graves, tais como, guitarra baixo, contrabaixo, tubas, etc… tocam as notas mais baixas (as notas graves), na grande maioria dos contextos musicais em que são utilizados. Os compositores usam esses instrumentos no baixo porque:
- Estes instrumentos podem facilmente tocar as notas muito baixas (graves) do espectro de frequências.
- A qualidade da cor tonal (o som) é excelente no seu alcance de tons baixos.
Como esses instrumentos tocam e soam bem nas várias categorias de tons baixos, é muitas vezes esquecido que estes mesmos instrumentos podem soar muito bem nas frequências de tenor (as frequências logo acima das mais graves - por exemplo, o conjunto de notas mais baixas num violão de 6 cordas são na gama tenor). Numa canção típica (pop, rock, metal, country, blues ou jazz), os instrumentos de baixo estão quase sempre tocando as notas mais graves (com o som mais baixo). Os compositores de música clássica dos séculos XIX, XX e XXI, frequentemente, experimentavam com comportamento dos instrumentos tradicionais de baixo, colocando-os em gamas superiores (ou iguais) à de tenor, ou até mesmo de instrumentos de alcance alto. Isso é chamado de " cruzamento de vozes ". É geralmente feito como um efeito especial na música para realçar o contraste no papel e som da orquestração.
O cruzamento de vozes envolvendo instrumentos graves não é comum fora da música clássica, mas porquê?
- Será porque os compositores de todo o mundo pensaram em todo este processo concluindo de forma artística e informada que, cruzar os instrumentos de baixo acima de outros é uma má ideia?
- Será que eles leram nalgum lugar ou fizeram um monte de experiências musicais para testar o nível do valor do cruzamento de vozes?
- Será que eles estudaram orquestração formalmente, ou pelo menos, informalmente?
Não, em geral, a orquestração de música que não a clássica tem sido limitada aos princípios básicos da instrumentação (ao nível alcance de frequências comum dos instrumentos) porque as notas graves são naturais para os instrumentos de baixo, e porque essa é a forma como tem sido, tradicionalmente, feito. E sim, a maneira usual de fazer as coisas funciona muito bem, o sistema não está errado, então porque corrigi-lo? Cruzar vozes com o baixo não é "corrigir" nada é, simplesmente, mais uma ferramenta útil quando usada nos lugares certos (e quando não em demasia). É um som ótimo para usar em algumas situações e os baixistas gostam muito tocar partes altas, mas raramente têm esta oportunidade nas canções.
Quando ouvires música, observa o quão poucas vezes esta técnica é utilizada, mas quando a ouvires, analisa como e onde ela é usada. Se a estiveres procurando, é muito fácil de ouvir.
Experimenta com cruzamento de vozes a próxima vez que escreveres música. Se não soar bem a primeira vez que tentares, ou se não melhorar o som da tua música, não desistas do conceito. O cruzamento de vozes não funciona em todas as situações musicais. Por exemplo, é mais provável ouvi-lo ser usado em secções instrumentais (introduções, interlúdios e transições por exemplo) ou numa secção de ponte vocal. Os versos e refrões são menos propensos a conter cruzamento de vozes envolvendo instrumentos graves. Isso acontece porque as melodias vocais são geralmente mais importantes do que as linhas de baixo e as vozes que cruzam com o baixo vão distrair o ouvido da melodia vocal. Os compositores, geralmente, querem que as linhas vocais mais importantes sejam claras e sem conflitos para a atenção do ouvinte. Mas, não deixes que isso te pare. Experimenta com cada parte da tua música para ver se funciona.
Existem duas abordagens principais para linhas de baixo usando cruzamento de vozes:
- Pega na tua linha de baixo existente e toca-a uma, duas ou três oitavas acima do normal. Isto irá trazer a linha de baixo acima do instrumento mais grave seguinte. O que resultará numa linha de baixo nova, porque a linha de baixo original está agora "acima" de outra coisa, e a "outra coisa" vai se tornar numa nova linha de baixo (mesmo que não esteja sendo tocada por um instrumento de baixo).
- Troca de lugar com outro instrumento onde o baixo toca mais alto do que o próximo instrumento mais baixo. Isto fará com que a linha de baixo permaneça igual (tendo em conta até onde as notas vão), mas irá agora ser desempenhado por outro instrumento, em vez do instrumento tradicional de baixo. Isto é mais fácil de fazer com um violão de 7 cordas ou piano / teclado, por exemplo.
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