Como Se Tornar Num Guitarrista e Músico Profissional ~ Factos e Mitos - Parte 2

de Tom Hess


Do You Have What The Music

Industry Looks For In You?
What Does The Music Industry Look For In You Assessment
2-Minute Music Industry Quiz
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Take It Now

Para obteres o máximo deste artigo, é essencial que leias a parte 1 desta série antes de continuares a ler…

Há poucas coisas mais trágicas do que um músico que investiu tudo no sonho da sua vida (como seguir uma grande carreira como músico profissional), falhar por causa de uma única má escolha, ou por um importante mas negligenciado ou subestimado facto. Infelizmente, isto acontece a todo o tempo.


Do You Have What The Music

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Take It Now

Imagina-te a investir dezenas de milhares de horas, durante muitos anos, estudando no duro, aprendendo tanto quanto podes, afiando todas as várias habilidades musicais que querias desenvolver, esforçando-te para ser excelente em tudo o que fizesses, enquanto fortalecias a tua criatividade, investindo montes de dinheiro em tudo, desde o equipamento musical à tua educação musical (lições de música, classes, etc.). Depois, imagina-te a fazer todas as coisas não musicais necessárias para te posicionares no negócio da música, tais como: fazer contactos chave no negócio da música; desenvolver uma base de fãs; fazer promoção de músicas, etc. Agora, imagina que um único negligenciado ou subestimado elemento estava em falta. Ou que talvez um erro fatal fosse inadvertidamente cometido por ti. Algo que parecia tão insignificante, de facto, fez com que fosses visto como “indesejável” ou de “alto risco” aos olhos das discográficas, gerentes de carreira musical, produtores ou publicistas.

Do ponto de vista do músico, o que parece ser de bom senso ou lógico para nós, pode não corresponder ao ponto de vista daquilo que é bom senso ou lógico para o mundo empresarial da música (companhias discográficas, gerentes de carreira musical, publicistas de música, produtores de música, etc.). Eu refiro-me aos riscos que as companhias do negócio da música empreendem ao investir em pessoas como descrito na parte 1 deste artigo.

Por exemplo: eu tenho um amigo (que permanecerá anónimo para não envergonhá-lo ou à sua banda) que é extremamente talentoso e é um dos melhores músicos que conheço. A banda dele, o cantor e a música são, verdadeiramente, de classe mundial. As canções são construídas com profundidade musical, lírica e têm uma integridade maravilhosa. Ao mesmo tempo, o som deles é bastante acessível para a pessoa comum e para passar em estações de rádio de rock pelo mundo fora. A banda está altamente incentivada, tem uma surpreendente ética de moral e possui quase tudo para ser um mega banda.

Em várias ocasiões eu ofereci palavras de conselho sobre como a banda poderia ser vista como valiosa para as companhias discográficas e gerentes de carreira musical com quem eles estavam em negociações no último par de anos. Eu ofereci-me para ajudar, não só porque o líder da banda é meu amigo, mas porque eu sei que a banda tem um potencial enorme e uma verdadeira oportunidade de atingir os seus objectivos declarados.

Não havia necessidade nenhuma de esta banda tentar estar no momento certo no lugar certo, porque eles assim o fizeram muitas vezes. Eles entraram em contacto próximo com companhias discográficas de alto nível e com empresas de administração. Em geral, estes executivos-chave do negócio da música gostaram da banda a nível musical e pessoal. Porém, repetidas vezes, nenhum negócio significante foi oferecido por quaisquer das pessoas ou companhias com o quem eles tinham falado directamente. O que é frustrante, para o meu amigo e para a banda dele, é que estas pessoas e companhias de música não perderam o seu tempo para dizer à banda, a verdade sobre a razão pela qual eles não estavam interessados em dar o próximo passo com eles. Se o problema não puder ser arranjado facilmente e depressa, eles não desperdiçarão o seu tempo discutindo-o. Ao invés, eles deixarão de responder a telefonemas e e-mails ou então darão à banda algumas falsas e superficiais razões para explicar por que nenhum negócio será oferecido. Algumas das razões apresentadas foram: “A nossa companhia não está procurando assinar com nenhuma banda nova este ano”; “Temos alguns assuntos legais em mãos e não podemos assinar contratos agora”. Claro que estas declarações eram falsas e só serviam para afastar a banda, tentando fazer com  que esta desistisse, mostrando que não havia nenhuma hipótese para avançar. É um facto que estas conversas são somente uma desculpa porque, se isso fosse verdade, a companhia nunca teria investido semanas ou meses a falar com a banda antes de oferecer um negócio.

Sendo assim, o que estava na realidade a acontecer? Porque é que os executivos empresariais perderam o seu tempo a falar com a banda se eles não tinham nenhum interesse real em lhes oferecer uma oportunidade ou contratos???

...Bem,... a resposta para a segunda pergunta é: eles TIVERAM sérias intenções em assinar com a banda. A resposta para a primeira pergunta é: a companhia discográfica estava fazendo pesquisas sobre a banda. Eles estavam testando os músicos (especialmente os líderes) da banda. Não, eu não estou falando sobre pesquisa de como as canções da banda soam, ou sobre o seu estilo ou imagem. Estas coisas já foram claramente vistas no equipamento de imprensa (o pacote que a banda enviou à discográfica que continha o CD deles, fotografias dos membros da banda, DVD da banda, informação do seu site na Web, a sua biografia, etc.). E foi isto (como também um pouco de persistência e muitos e-mails, telefonemas, etc.) que chamou a atenção da companhia. Tudo isto aconteceu antes da companhia devolver à banda chamadas e e-mails para começar nas conversas de negociação sobre trabalharem juntos...

Como podes ver, conseguir estar em frente dos executivos-chave do negócio da música não foi um problema: a banda fez isto várias vezes por sua conta. O problema, na verdade, foi o facto da banda nunca ter conseguido fechar o negócio. Todas as vezes que os empresários sondavam mais profundamente, e pesquisavam mais sobre a banda, havia algo que continuava sempre a aparecer e que aniquilava o negócio. A banda estava extremamente frustrada, não só por passar inúmeras vezes por isto, mas também porque nunca lhes era contada a história inteira sobre qual era o problema do ponto de vista das companhias e gerentes de carreira musical.

As pessoas da companhia discográfica também estavam frustradas porque tinham encontrado mais uma grande banda com grande potencial, mas que revelou-se ser mais uma que não tinha o pacote completo. E o pior é que, durante este tempo, as companhias estavam perdendo milhares de dólares em recursos humanos, investindo na série inicial de negociações, reuniões (fazendo voar os músicos ao redor do país, fazendo as reuniões acontecer) e em algum trabalho de pré-produção.

Para mim, o que era frustrante era ver esta grande banda sofrer assim. Nós tivemos várias conversas sobre o que eu acreditava que estava impedindo as oportunidades de fazer a banda tinha avançar. Ainda assim, ele (o meu amigo) parecia não acreditar no que eu o aconselhava a fazer e a mudar. Ao invés, ele voltou para casa, escreveu novas canções, que ele pensou que poderiam ser um pouco mais acessíveis para as rádios, depois, reescreveu-as, tornando-as mais pesadas novamente, e depois voltou reescrevê-las para torná-las menos progressivas. Ele escolheu concentrar-se no som da banda (que nunca fora o problema). No fim, nada disso importou, já que as canções (em todas as suas várias versões) eram, na verdade, grandes canções comerciáveis.

O que as companhias de gravação e gerentes de carreira musical estavam, na realidade, à procura, quando falaram com a banda, era uma longa lista de coisas que tornam o pacote completo. Os itens fundamentais daquela longa lista eram:
  1. O nível global do valor do potencial da banda relacionado como um todo, E de todos os seus membros individualmente.
  2. A quantidade de Risco Manejável associado ao investimento na carreira musical de curto e longo prazo da banda, E na carreira musical de cada um dos membros da mesma individualmente.
  3. A Quantidade e Qualidade de prova física existente em relação aos 2 anteriores itens.
Como já dito, a lista completa é muito maior, mas a essência destes itens baseia-se nos três principais pontos acima referidos. O que eu escrevi aqui é uma generalização alargada (um pouco simplificada) das situações relacionadas com esta banda e como o negócio da música hoje lida com os novos artistas. O que é importante notar aqui é que as empresas focalizam-se nos valores, riscos e provas, relacionados com os músicos "como pessoas". Depois de tantos anos a fazer todas as coisas certas, em termos de elementos musicais e promoção própria, acontecia que a banda continuava a falhar em áreas que os seus líderes negligenciaram no princípio e subestimaram depois, até mesmo depois de conversações repetidas sobre estes assuntos.

Há várias razões por que eu escolhi não especificar detalhes sobre o que a banda estava a fazer de errado (o que eu penso). Aqui estão as razões principais:
  1. Por respeito pessoal à banda, eu quero manter as pessoas anónimas. As duas principais coisas que a banda estava fazendo de “errado” podiam revelar a sua identidade facilmente. Não são coisas ilegais ou imorais, mas são coisas que eles continuam a fazer hoje em dia. As minhas intenções neste artigo não são de promover, nem de ferir a imagem da banda.
  2. Algumas das coisas que eles fazem são centradas nos indivíduos da banda e estas coisas são únicas destas pessoas. Outras bandas não terão o mesmo tipo de assuntos, assim, alguns dos aspectos que sobre os quais eu não escrevi, não são pertinentes para a  vasta maioria de bandas não assinadas... então, se não são relevantes, não vale a pena discutir sobre estes pontos em particular no artigo.
Certo! Abordemos agora algumas coisas sobre as quais eu posso discutir... (estas são comuns em bandas). Esta banda teve alguns problemas que muitas outras boas bandas também têm.

Embora tenha havido um membro fundador da banda, que era o compositor principal e que foi nomeado líder, havia, entre os membros da mesma, significantes lutas por poder. Políticas de banda são muito comuns (especialmente quando uma banda vê grandes oportunidades); as pessoas, às vezes, ficam gananciosas e fazem coisas para se “posicionarem” dentro da banda, para ganharem mais poder dentro da mesma e também querem negociar com as companhias do negócio da música. Por exemplo: algumas pessoas da banda queriam mais direitos de realeza e sentiam que o líder não estava sendo justo. A posição do líder era: “Eu escrevi a maioria das canções, por isso, mereço a maior parte dos direitos de publicação e não desisto disto! Aquele dinheiro que eu ganhei…” Então, o cantor diz: “Sim… bem, se não fosse a minha voz, nós nem estaríamos aqui reunidos!”.

Acontece haver diferenças dentro de uma banda (e vai acontecer com o crescimento da banda), mas não ajuda quando as pessoas do negócio da música vêem isso. Haver uma luta de poder que explode de modo descontrolado é o mesmo que dizer: “ESTA BANDA, COMO BANDA, É UM GRANDE RISCO”. Se eles têm este tipo de brigas entre eles, nós, decididamente, não os vamos pôr em digressão, nem vamos pôr estas 5 pessoas num autocarro em digressão durante 3 meses! E, sem uma digressão, os discos não se vendem tanto quanto deviam.

Este próximo assunto não era o maior problema da banda, mas era um assunto que TINHA que ser solucionado, antes do potencial gerente de carreira musical de alto gabarito querer trabalhar com eles. Pelo menos uma companhia discográfica (e provavelmente todas as outras com quais eles falaram) e o gerente de carreira musical estavam preparados para oferecer negócios aos “indivíduos”, mas não à banda como um todo. Eles viam quem era de maior valor na banda e quem representava o maior risco. Mas, devido à natureza sem igual desta, oferecer negócios aos indivíduos não era, na realidade, possível (isto está subjacente a ambos os itens acima mencionados ― 1 e 2). O cantor e o escritor (meu amigo) eram as pessoas mais valiosas neste caso mas, estranhamente, o seu valor “quando não estavam juntos” era menor do que era enquanto equipa, e as pessoas do negócio da música sabiam isto. Os outros membros poderiam ter sido substituídos, se necessário, mas os principais assuntos eram centrados sobre as duas pessoas mais importantes da banda.

Na minha opinião, a maior falha da banda era não perceber (ou mudar as suas mentes) como a indústria da música trabalha, não compreender os riscos, investimentos, negócios, percepções, poder (da imagem deles fora do palco). Era, ainda, o não perceber como o jogo é jogado e o não conhecer a razão das coisas, no negócio da música, serem como são. As pessoas desta banda não ouviam bons e sinceros conselhos, nem mudavam as suas ideias. Isto porque todos eles (a banda inteira) eram idealistas quando se tratava de falar de negócios. Isto significa que eles só estavam focalizados naquilo que pensavam que o negócio da música deveria ser, e não como é na verdade. Os músicos pensam que o papel do mundo empresarial da música devia preencher esta  ideia: “Vamos suportar a música e os músicos”. Mas isto não é seu papel principal. Quer gostes ou não, isto é um negócio. As pessoas que dirigem as companhias da música e os seus negócios não são diferentes das pessoas que dirigem o Wal-Mart, a Coca-Cola, ou a General Motors. Isto é NEGÓCIO de música. As pessoas no negócio estão lá para ganhar dinheiro. A VASTA maioria de companhias empresariais não existe para apoiar a tua, minha, ou a visão musical de qualquer um (a menos que eles façam toneladas de dinheiro com isso). Isto não é bom nem mau. É, simplesmente, a realidade.

Ser um idealista como músico é óptimo, na minha opinião. E quando nós estamos discutindo música, eu sou um total idealista (como, provavelmente, muitos de vocês são). Se quiseres permanecer VERDADEIRAMENTE um idealista, então, poderias considerar seriamente investir o teu próprio dinheiro fazendo, gravando, lançando e promovendo os teus discos por conta própria (este é o caminho que eu escolho com a banda HESS. Nós vendemos discos em todo o mundo, mas eu fiz isto sozinho com meus próprios recursos).

Mas, se não queres fazer isto (e está certo), então, estás procurando companhias discográficas que façam isto por ti e que paguem tudo com o seu dinheiro e recursos (é assim que fazia com minha outra banda, HolyHell). Mas, a menos que possas comandar um MASSIVO poder (isso significa que já vendeste um milhão de discos ou mais), não podes ter o teu bolo e comê-lo. O meu amigo e o resto da sua banda queriam ter o bolo e comê-lo. E, agora, eles simplesmente estão sem bolo... Famintos...

Originalmente, a intenção principal do meu artigo não era falar de exemplos individuais das coisas que correram mal com esta banda; era de ilustrar a ideia, num modo muito mais alargado e mais importante, sobre a qual eu comecei a descrever na parte 1 desta série de artigos. Claro que ver os exemplos sobre os quais eu escrevi há pouco pode ser útil, mas o valor que obténs disto é limitado. Alguém, lendo isto, poderia dizer: “Bem, ok, agora eu sei que me devo precaver de lutas de poder e devo solucionar os assuntos ANTES DE me sentar para conversações com as pessoas empresariais. Agora eu estou bom para arrancar”.

Concentrares-te nos exemplos seria um erro. Concentrares-te nos princípios gerais oferecidos nos meus artigos, de uma forma muito mais alargada, é onde está o real potencial de valor.

As pessoas em geral, e os músicos em particular, têm o hábito de se focalizar no que fazer para triunfar. Os Músicos negligenciam, muitas vezes, focalizar-se no que não devem fazer para triunfar... E isto era a fonte (na minha opinião) dos problemas da banda. Eles fizeram todas as coisas certas, mas negligenciaram a abordagem às “outras coisas” que os tornavam num risco mais alto para o negócio. Focalizando em ambos os lados da equação (o que fazer e o que não fazer) é muito importante e é por esta razão que nós investimos tanto tempo e esforço para o corrigir no Programa de Monitorização De Carreira Musical.
 



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